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Norma de Desempenho: Avanços, Desafios e a Capacitação Necessária para a Construção Civil
Norma de Desempenho: Avanços, Desafios e a Capacitação Necessária para a Construção Civil
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Por Maria Angelica Covelo Silva
Desafios do Setor
· 28/10/2024

UniCTE: A norma de desempenho teve uma longa trajetória de elaboração e revisão até entrar em vigor em julho de 2013. Podemos dizer que a cadeia produtiva da construção civil já a implantou por inteiro?


M. Angelica Covelo: Ainda não. Tivemos muito avanço neste tempo em que ela está em vigor com a caracterização de sistemas construtivos e seus componentes, a incorporação de requisitos e critérios de projeto que não eram adotados antes dela como o desempenho térmico, desempenho acústico e segurança no uso e operação, por exemplo, e passamos a entender como algumas práticas de execução de serviços influem diretamente sobre o desempenho, como, por exemplo, o preenchimento de juntas nas alvenarias em relação ao desempenho acústico.


Mas somos uma cadeia produtiva muito grande, temos um grande número de empresas incorporadoras, construtoras e de projetos, e somos um país de grande extensão, daí não termos ainda uniformidade na adoção da norma nos empreendimentos habitacionais.

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Quais são as principais dificuldades na implantação da norma no Brasil?

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O primeiro ponto a destacar é o entendimento do que vem a ser “sistema construtivo” e como a norma estabelece requisitos e critérios para o sistema e seus componentes. Muitas vezes não se entende que não é um material como a argamassa que terá que atender requisitos, mas o sistema em que ela está inserida como um todo e ela terá um papel, porém não será determinante do atendimento ao requisito. 

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O segundo ponto é a necessidade de incorporar novos especialistas ao projeto como é o caso do desempenho térmico e do desempenho acústico que requerem conhecimento especializado para lidar com os dados dos sistemas construtivos e para transpor estes dados para os ambientes da edificação com os devidos métodos necessários. 

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O terceiro ponto é a existência ainda de sistemas construtivos ou componentes que não foram devidamente caracterizados quanto ao seu desempenho em relação à norma, mas vejo que o gargalo maior tem sido de conhecimento no desenvolvimento do projeto do empreendimento, desde a concepção do produto em relação aos requisitos da norma.


Como o curso desenvolvido para a UniCTE sobre a norma de desempenho vem contribuir para superar estas dificuldades?

Em primeiro lugar, por ser um curso que permite o acesso a uma ampla gama de profissionais em qualquer parte do país. Temos grande dificuldade em que o conhecimento sobre a norma chegue em municípios do interior dos estados onde não há iniciativas de palestras ou cursos ou até mesmo em algumas capitais onde não houve ainda mobilização para que os profissionais locais adquiram este conhecimento.

O curso também permite entender os conceitos da norma e como se aplicam a sistemas construtivos, componentes e à edificação como um todo. Com as explicações sobre a forma como os requisitos e critérios devem ser trabalhados pelo conhecimento dos dados de ensaios, sua aplicação a projeto, e controle de execução procura-se ter muita clareza para o entendimento completo.


Como a norma é bastante extensa, usamos exemplos de requisitos para demonstrar como deve ser o atendimento a eles, envolvendo tudo que é necessário desde o projeto até a execução da obra.


Por outro lado, é um curso que se liga a outros cursos da UniCTE, como por exemplo, o Curso de Desempenho Acústicoque, se feito depois do curso sobre a norma, vai proporcionar um entendimento completo sobre o desempenho acústico que é uma parte muito importante da norma.

O curso sobre a Norma de Desempenho proporciona um embasamento de conhecimento que permitirá entender o passo a passo necessário para atendê-la, com efetivo entendimento do que precisa ser feito desde a concepção do empreendimento.


POR

Maria Angelica Covelo Silva

Diretora da NGI Consultoria e Desenvolvimento

Atua como consultora especializada em tecnologia, qualidade e desempenho de edificações, em empresas incorporadoras, construtoras, empresas fabricantes de materiais e entidades do setor da construção civil. Participa da elaboração de normas técnicas, marcadamente das normas ABNT NBR 15575 (desempenho) e ABNT NBR 17170 (garantias). É professora convidada de cursos de pós-graduação e participa de bancas de mestrado e doutorado em diversas universidades.

Graduada em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Londrina (1983), Mestre em Engenharia pela Escola de Engenharia da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1986) e Doutora em Engenharia pela Escola Politécnica da USP - Universidade de São Paulo (1996). Foi professora e pesquisadora do Departamento de Engenharia Civil da UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina (1987-1988), Pesquisadora da Divisão de Edificações do IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (1988-1990) e sócia fundadora do CTE – Centro de Tecnologia de Edificações (1990-1998).